Menino de rua
Menino que canta
Menino que brinca
Menino que imita a vida normal
Menino do bem, do mal
Menino do dia, da noite, que chora o açoite que a vida lhe traz
No seu rosto sofrido
A imagem da solidão
Na sua roupa rasgada
A imagem triste e amargurada
De um esboço que ninguém quis acabar
Sua voz é baixa, mesmo que grite
Seu rosto é triste, mesmo sorrindo
Seu passado é dorido, quase sempre
As dores do mundo em sua mente
A fome de tudo é o seu viver
Praças e multidões
Ruas e becos
Afetos negados
Choros embargados
Sorrisos partidos
Infância roubada
Infância fugida
Infância rasgada nas páginas da lei
Por mais que me pergunte
Eu não sei, eu não sei...
Não sei quem és
Não sei teu nome
De onde vieste
Aonde te escondes
Só sei que respondes pela pena que não é tua
É na cara lavada dos lordes que se esconde teu sorriso
É no bolso do salteador de gravata que se esconde teu pão
É a pátria cega, surda e calada que te furta um leito
Nas calçadas da vida, todo dia, perdes o respeito
De arma em punho, de olhos vitrificados, esqueces que tem coração.
Menino, criança, será que ainda há esperança?
Será que do humano já roubaram tudo?
Quando o mestre mandou abrir caminho e te deixar passar
“Deixai vir a mim os pequeninos”
Naqueles braços, abertos ate hoje, ali, de fato, é o teu lugar.
Paulo Gustavo Lins
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